08/06/2007

Ser deficiente visual e trabalhar?!



Ser deficiente visual não quer dizer ser incapacitado para o trabalho. Com as ajudas técnicas e funcionais adequadas, a pessoa com deficiência visual não está, a priori, mais incapacitada que qualquer outra pessoa no exercício de uma actividade.


As pessoas cegas e as Ajudas Técnicas adequadas para o trabalho:

-Digitalizador: fotografa documentos e deposita-os no computador. O documento passa por um "programa de reconhecimento de caracteres" que o transforma num ficheiro texto. O digitalizador necessita de estar ligado a um computador.

- Máquina de leitura: é um equipamento que permite, por si só, fazer a leitura de documentos e não necessita de estar ligado a um computador.

- Linha braille: permite transpor para braille a informação que está no ecrã. Pode funcionar de forma autónoma ou ligado a um computador. É composto por uma linha, formada por pontos agrupados, normalmente 8 a 8, que constituem a célula braille. Estes pontos são móveis (sobem e descem) formando assim as diversas combinações necessárias à representação dos caracteres que se encontram no ecrã.

Os Suportes da Comunicação:

- Braille: é a técnica específica de escrita e leitura duma pessoa cega. Trata-se de um sistema de escrita em relevo. A representação das letras do alfabeto, números e sinais de pontuação, é feita recorrendo a uma combinação de 6 pontos a que se dá o nome de célula. No entanto, nem todas as pessoas cegas dominam este sistema.

- Registo áudio

As pessoas amblíopes e as Ajudas Técnicas adequadas para o trabalho:

- Óculos: melhoram a acuidade visual.

- Lupa manual: tem efeito microscópico ou telescópico.

- Computador: parametrização mais adequada à visão, alterando o formato, tipo de letras, cores e memorização das funções mais utilizadas.

- Ecrã de grande dimensão: apresentação da informação de forma ampliada.

- Software de ampliação: ampliação do ecrã no seu todo ou em parte e personalização do aspecto visual.

- Lupa electrónica: equipamento constituído por uma máquina de firmar que permite reproduzir de forma ampliada qualquer documento, num televisor ou monitor.

- Sintetizador de voz: é instalado num computador e verbaliza toda a informação apresentada no ecrã.

As Técnicas de Compensação:

Olhar de "outra maneira" em função de como a pessoa percepciona habitualmente o ambiente, por exemplo:

- Efectuar um varrimento da imagem ambiental, com a finalidade de recolher o máximo de informação de forma a permitir a reconstrução de uma imagem global;

- Dosear o esforço visual;

- Gestão da luminosidade.

Num ambiente profissional...

Ao integrar uma pessoa com deficiência visual na sua empresa, tenha em conta as seguintes regras:
  • Prepare-lhe o ambiente de trabalho como o faz para qualquer outro trabalhador;

  • Peça-lhe opinião para compor a disposição do posto de trabalho;

  • Não mude constantemente a disposição dos objectos por ela utilizados, nem lhe altere a organização dos mesmos;

  • Evite colocar objectos nos locais de passagem e não deixe as portas entreabertas;

  • Não a superproteja;

  • Dê-lhe a conhecer que está presente e identifique-se;

  • Dê-lhe tempo para se inteirar da informação;

  • Parta do princípio que a pessoa pode ter um cão-guia.

  • Não lhe peça o impossível. Saiba aproveitar os seus pontos fortes.

Deficiência Visual - Algumas regras de ouro

  • Identifique-se cada vez que fala com a pessoa.
  • Tome a iniciativa e ajude a pessoa a lidar com o sistema.
  • Fale com a pessoa com deficiência visual e não com o seu acompanhante.
  • Forneça a mesma informação que para uma pessoa normo-visual.
  • Use as palavras "ver" e "olhar" normalmente.
  • Evite orientar utilizando as palavras "ali" ou "assim".
  • Fale antes de tocar na pessoa.
  • Não fale alto.
  • Evite expressões de piedade.
  • Não faça da deficiência o tema central das conversas.
  • Explique o que vai fazer ANTES de o fazer.
  • Deixe a pessoa ver os materiais com as mãos.
  • Deixe a pessoa também aprender por si.
  • Incentive a pessoa a fazer apontamentos escritos ou gravados.
  • Arranje publicações em formatos alternativos: braille, áudio, disquete.

Importante:
- Ajude sem sufocar, perguntando primeiro se necessita de ajuda.
- Não sub-estime as suas capacidades.
- Lembre-se que uma pessoa com deficiência visual é acima de tudo uma pessoa.


Técnicas de Guia - Cadeiras

Cadeiras Individuais

a) Aproximar de trás
O guia coloca a mão do braço de contacto nas costas da cadeira. A pessoa com deficiência visual desliza a mão até à cadeira e coloca-se ao lado da cadeira. Passa uma mão no assento e senta-se.
Se o acesso à cadeira for só por um lado ou se a cadeira tiver braços o guia deve informar a pessoa com deficiência visual.

b) Aproximar de frente
O guia passo ao lado da cadeira e pára quando as pernas da pessoa com deficiência visual estão encostadas a ela. A pessoa com deficiência visual passa a mão no assento, vira-se e senta-se.

O guia deve informar a pessoa com deficiência visual se a cadeira tiver braços.

Cadeiras com mesa (Secretária)

Aproxima-se por trás. O guia coloca a mão do braço de contacto nas costas da cadeira. A pessoa com deficiência visual desliza a mão até ás costas da cadeira e, com a outra mão, procura a mesa. Depois passa a mão no assento e senta-se. Uma vez sentado encosta os polegares ao rebordo da mesa e afasta-os para perceber se está bem alinhado com a mesma.

Auditório
O guia procura uma fila com dois lugares. Andam lado a lado com o guia à frente. O guia pára quando a pessoa com deficiência visual estiver em frente do lugar dela. Sentam-se.

Observações
A pessoa com deficiência visual passa a mão no assento antes de se sentar para verificar a altura e a natureza do mesmo. Em princípio o assento está livre de objectos porque o guia já verificou, mas passar a mão no fundo da cadeira é um hábito que convém cultivar porque escolas e locais de trabalho são espaços dinâmicos em que os objectos são frequentemente colocados em cadeiras.

Técnicas de Guia - Automóveis


  • O guia leva a pessoa com deficiência visual até à porta do carro e informa-o se é a porta da frente ou de trás e a orientação do carro.

  • O guia põe a mão do braço de contacto na pega da porta e a pessoa com deficiência visual desliza a mão até lá.

  • A pessoa com deficiência visual põe a outra mão em cima do carro e abre a porta.

  • Mantendo uma mão no tecto do carro passa a outra no assento. Se estiver livre senta-se.

  • Antes de fechar a porta deve perguntar sempre se o pode fazer.

05/06/2007

Técnicas de Guia - Portas

Regras

O guia abre a porta, a pessoa com deficiência visual fecha-a.

Porta que abre para "cá", o guia abre-a com o braço de contacto.
Porta que abre para "lá", o guia abre-a com o braço livre.
  • O guia verifica que a pessoa com deficiência visual está do lado das dobradiças.

  • A pessoa com deficiência visual deve assumir que é uma passagem estreita.

  • O guia abre a porta e pelo movimento a pessoa com deficiência visual reconhece se a porta abre para dentro ou para fora.

  • O guia avança e pára no outro lado numa posição que dê espaço para que a pessoa com deficiência visual feche a porta.

Observações

Pode acontecer que um senhor queira abrir a porta a uma senhora e isso deve-se deixar, independentemente da deficiência visual, de quem guia ou está a ser guiado!

04/06/2007

Técnicas de Guia - Escadas


Técnica
  • O guia pára antes da escada e informa a pessoa com deficiência visual se a escada sobe ou desce.

  • A pessoa com deficiência visual procura o corrimão (o guia terá de avisar quando este não existir).

  • O guia coloca-se na beira do primeiro degrau. Quando a pessoa guiada estiver pronta o guia sobe/desce as escadas normalmente. O guia dá sempre o primeiro passo com a perna ao lado da pessoa com deficiência visual. Esta segue-o um degrau atrás.

  • No fim das escadas o guia faz um passo largo e pára à espera da pessoa com deficiência visual.

  • Depois avançam normalmente.
Observações
Com algumas pessoas deficientes visuais não será necessário parar antes de escada apenas abrandar.

Escadas Rolantes

Técnica
  • Ao aproximar-se da escada rolante o guia certifica-se de que a pessoa com deficiência visual está do seu lado direito.

  • O guia faz uma pausa no patamar e a pessoa com deficiência visual procura o corrimão.

  • Entram na escada e após a abertura dos degraus o guia verifica que a pessoa está segura. A seguir coloca-se no lado direito, um ou dois degraus à frente da pessoa com deficiência visual, para permitir a circulação dos outros utentes.

  • Perto do fim da escada, antes do nivelamento dos degraus, o guia coloca-se novamente na posição de guia.

  • No fim da escada o guia avança normalmente.

Técnicas de Guia - Face a Face



Utilização



Quando o espaço é pequeno e é preciso virar, por exemplo, depois de comprar um bilhete de comboio ou quando o guia se enganou e têm de voltar atrás.

Técnica

  • O guia diz "face a face" (com prática pode nem ser preciso falar).
  • O guia vira 90º em direcção à pessoa com deficiência visual.
  • A pessoa com deficiência visual vira 90º em direcção ao guia.
  • O guia oferece o braço livre à pessoa com deficiência visual para que esta o agarre e para que depois largue a pega inicial.
  • Os dois viram mais 90º.
  • O guia dá meio passo em frente, verifica que a pessoa com deficiência visual está pronta e avança.
Observações
A técnica é relativamente fácil de aprender mas também é fácil de esquecer. Muitas vezes a pessoa com deficiência visual aprendeu esta técnica quando fez reabilitação mas pode não a utilizar regularmente.